Uma das maiores
lendas do futebol brasileiro e o maior ídolo do Botafogo antes de Garrincha,
Heleno de Freitas (1920-1959), é o personagem central do drama
"Heleno", de José Henrique Fonseca.
O filme já percorreu
festivais internacionais, colhendo um prêmio de melhor ator no Festival de
Havana 2011 para Rodrigo Santoro, que perdeu 12 quilos e treinou com o
ex-jogador Cláudio Adão para entrar na pele de Heleno.
A proposta do
diretor José Henrique Fonseca (de "O Homem do Ano") é ousada já que,
assumidamente, não procura realizar um filme sobre futebol. Recorrendo a uma
bela fotografia em preto e branco -do premiado Walter Carvalho-,
"Heleno" mostra um personagem trágico, que flertou com a fama e a
glória mas tinha encontro marcado com a queda.
De origem
abastada, filho de um industrial e proprietário de cafezal, o mineiro Heleno
era formado em Direito e tinha hábitos refinados. Mas sua paixão maior era o
futebol, entrando para o time do Botafogo em 1937. Ali ficou até 1948, firmando
um impressionante recorde de 209 gols em 235 partidas.
Craque dentro de
campo, Heleno era de trato difícil. Perfeccionista e briguento, tinha poucos
amigos, como o colega Alberto (Erom Cordeiro) e, até certa altura, o dono do
time, Carlito Rocha (Othon Bastos).
Fora do clube, o
atleta nunca abriu mão de uma vida boêmia intensa. Vivia no Copacabana Palace,
mergulhado em champanhe e vícios como éter e lança-perfume. As mulheres
ocupavam muito do seu tempo, com casos rumorosos, simbolizados no filme pela
cantora Diamantina (a atriz colombiana Angie Cepeda, de "Pantaleão e as
Visitadoras").
Por tudo isso,
na glória de Heleno já se enxerga o caminho da decadência, que não tardou em
vir pelo caminho, com uma sífilis que causou loucura progressiva.
Antes disso, o
craque, que também vestiu a camisa da seleção, ainda passou pelo Boca Juniors,
o Vasco (onde obteve seu único título estadual, em 1949), o Atlético Junior de
Barranquilla, o Santos e o América, onde encerrou tristemente a carreira.
Seu único filho,
tido com a mulher, Silvia (Alinne Moraes), nem o conheceu, já que a mãe, com
medo dos acessos do marido, abandonou-o quando o menino tinha um ano.
A interpretação
de Rodrigo Santoro é particularmente comovente no segmento final, quando o
jogador, extremamente fragilizado, encontra-se internado num hospital
psiquiátrico em Barbacena (MG).
No lugar onde
viria a morrer, aos 39 anos, Heleno não conta com nada além da dedicação de um
enfermeiro (Mauricio Tizumba), seu último torcedor.
Por Neusa Barbosa, do Cineweb
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