De bem com os demais acionistas e com
tarifa reajustada, companhia recuperou a curva ascendente de resultados e
promete investir R$ 2 bilhões até 2014
Depois de sete anos consecutivos de
queda, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) viu seu lucro líquido
crescer 83% em 2011, atingindo a marca de R$ 249 milhões. A recuperação da
curva ascendente da empresa se deve principalmente ao reajuste das tarifas
defasadas; a um programa de contenção de custos; e à volta do bom
relacionamento com os demais acionistas – além do estado (52,5%), a empresa é
dividida pela associação de fundos de pensão Dominó Holding (34,7%), pelas
prefeituras (0,6%) e por outros minoritários (BRDE, pessoas físicas), com
12,2%.
Entre este ano e 2014, a companhia
promete investir R$ 2 bilhões, principalmente no atendimento de rede de
esgoto, que passará de 63,2% dos domicílios do estado para 72%. “Não é uma meta
fácil de cumprir, mas, com todo o rearranjo que fizemos na companhia e com os
projetos que temos, será possível”, diz o presidente da estatal, Fernando
Ghignone. Boa parte dos recursos será garantida pela própria empresa (30%) e
outra fatia, por fontes externas (45%), entre elas a compra pelo BNDES, ainda
no ano passado, de R$ 395 milhões em debêntures da estatal (títulos de dívida),
com resgate entre dez e 13 anos.
Quanto ao reajuste das tarifas em
16,5%, previsto para abril, com a tarifa mínima passando de R$ 18,97 para R$
22,10, Ghigone lembra que ele é decisivo para amenizar a defasagem existente
entre custo real e remuneração pelo serviço da companhia. “Quando assumimos
havia uma discrepância de 32% entre custo e valor de tarifas. Hoje essa
diferença ainda existe, mas é menor, de 7% [após o reajuste de abril], e com
uma tarifa que ainda é a menor do Brasil entre as companhias de saneamento.”
Mercado
De dezembro de 2010 a dezembro de 2011,
o valor unitário das ações da Sanepar na BM&F Bovespa passou de R$ 2,92
para R$ 4,63, mantendo uma média durante o ano de R$ 4,16. “No início de ano,
as empresas públicas, no geral, veem o valor de suas ações subir por ser um
período de reajustes tarifários, mas nós conseguimos manter essa valorização ao
longo do ano porque passamos a honrar o acordo existente com os acionistas. O
mercado passou a nos ver com mais confiança”, afirma Ghignone. O respeito aos
contratos foi importante não só entre os acionistas da empresa, mas também com
os clientes, avalia.
Investimentos
O montante investido em 2011 foi 10,8%
menor que o estimado ainda no início da nova gestão: R$ 354,2 milhões, ante uma
expectativa de R$ 425 milhões. A ausência de projetos aplicáveis e passíveis de
arrebanhar recursos, mesmo que federais, estariam no cerne dessa queda. Ainda
em setembro, Ghingone comentou que havia herdado “uma empresa que não tinha
sequer um projeto na prateleira”. No momento, a estatal analisa 32 propostas,
de coleta de esgoto ao gerenciamento de resíduos sólidos – área que é a nova
menina dos olhos da Sanepar – para retomar seus investimentos. Os projetos
foram reunidos por meio de uma chamada pública nacional, iniciativa inédita.
“Nossa meta era identificar parceiros estratégicos e novas tecnologias e
processos que podem ser desenvolvidos com a Sanepar”, conta Ghignone.
Por Fabiane
Ziolla Menezes
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