Os cerca de 40 pesquisadores e servidores
civis da base chegaram ao Brasil por volta das 1h15
De acordo com a Marinha, 70% da Estação Comandante Ferraz
foi consumida pelo fogo na madrugada de sábado
Cerca de 40 integrantes da Estação Antártica
Comandante Ferraz, entre eles pesquisadores e servidores civis da base,
chegaram por volta da 1h15 desta segunda-feira à Base Aérea do Galeão,
no Rio, informa a Agência Brasil. O avião C-130 Hércules, da Força Aérea
Brasileira (FAB), decolou de Punta Arenas, no Chile, na tarde de domingo e,
antes de chegar ao Rio, fez escala em Pelotas (RS) para o desembarque de quatro
pesquisadores.
No momento do desembarque no Galeão, no rosto da
maioria transparecia o cansaço. Um dos passageiros chegou a levantar as mãos ao
céu, como se agradecesse por ter chegado bem ao Brasil. A pesquisadora
Terezinha Absher, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ainda estava
assustada ao falar com a imprensa.
"Eu estou assim, porque foi realmente
assustador tudo aquilo. Nós ficamos do lado de fora, vendo a estação pegar
fogo. Eu nem vou falar muito porque ainda estou emocionada. Foi traumatizante
porque, há 20 anos, eu trabalho na Antártida, passo muitos meses lá. Era como
se fosse minha casa pegando fogo. A estação é de todos os brasileiros, mas eu
me sentia como se fosse a minha casa. Perdi tudo. Todo o meu material de
pesquisa e todas os objetos particulares. Não sei se voltaria para lá",
disse Terezinha, que trabalha com invertebrados marinhos.
Jasson Mariano, servidor civil da Marinha na
manutenção da base, conta que ajudou a tentar apagar o incêndio na casa de
máquinas. "Fomos acordados pelo nosso superior, nos chamando apavorado,
dizendo que estava pegando fogo na base. Nós saímos com o uniforme de trabalho
e fomos apoiar o grupo-base para tentar combater o fogo. Tentamos esticar a
mangueira para pegar água do mar com as bombas, mas o incêndio se propagou muito
rápido. A luta foi grande, mas não conseguimos", relatou ele, que estava
desde novembro na estação e retornaria ao Brasil no fim de março.
Também servidor da Marinha, Marcos da Conceição,
demonstrava muito cansaço. "A família sempre vinha na minha cabeça. Na
cabeça de todos nós. Estou muito cansado. Está até difícil falar com vocês
agora", disse.
A bióloga Fernanda Siviero, que estava desde o
início do fevereiro na estação da Antártida, conta que os integrantes da base
passaram por grande susto. "A gente estava na base quando foi dado o
alarme de incêndio, a gente fez o procedimento de evacuação e ficamos seguros
em uma parte da base [isolada].
Ficamos muito consternados e assustados com
essa situação toda do incêndio. A gente não acreditou, na verdade, que fosse
tomar uma proporção tão grande. Imaginamos que fosse de fácil controle. Achamos
que ia ser só um susto e que, daqui a pouco, estaríamos de volta. Infelizmente
não foi."
Já o pesquisador da Universidade de São Paulo Caio
Cipro lamenta a perda das amostras de sua pesquisa. "As amostras são
insubstituíveis. Eu estava participando de um projeto de hidrografia e a gente
perdeu as amostras todas que foram coletadas desde dezembro [do ano passado].
Elas foram perdidas, porque têm que ficar congeladas. Como a estação está sem
energia elétrica, uma vez descongeladas, as amostras não servem mais",
explicou.
O sargento da Marinha Luciano Gomes Medeiros, que
ficou ferido quando tentava combater o incêndio, foi o último a desembarcar.
Com as mãos enfaixadas, ele foi colocado em uma cadeira de rodas e encaminhado
a uma ambulância, para ser levado ao Hospital Naval Marcílio Dias.
Além de deixar o sargento ferido, o incêndio
provocou duas mortes, a do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e a do
sargento Roberto Lopes dos Santos, ambos da Marinha.
Agência Estado e
Gazeta do Povo
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