Nove em cada dez
pessoas apoiam a presença permanente da polícia no bairro. Segurança pública é
a maior preocupação da população

Operação no Uberaba: dez dias de policiamento ostensivo gera
expectativas de melhoria na segurança
Passados dez dias da intervenção policial no
bairro Uberaba e da implantação da primeira Unidade do Paraná Seguro (UPS) no
estado, mais de 90% dos curitibanos se mostram satisfeitos com a operação
deflagrada em um dos bairros mais violentos da cidade. Apesar disso, a maior
parte da população ainda desconhece o programa que é apresentado como um dos
carros-chefes do governo do estado para a melhoria da segurança pública.
Estas são algumas das constatações levantadas por uma pesquisa encomendada pela
Gazeta do Povo e realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas.
No dia 1.º de março, cerca de 500 policiais e
guardas municipais ocuparam um conjunto de 12 vilas no bairro do Uberaba,
monitorando a região, abordando moradores e cumprindo mandados de prisão. A
operação representou o início do processo de implantação das UPSs, projeto
inspirado nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro, mas
com um foco maior em ações sociais. Em futuras unidades construídas no local,
será implantado policiamento comunitário e oferecidos serviços públicos às
áreas mais carentes.
De acordo com o levantamento do Paraná
Pesquisas, 78,7% dos entrevistados disseram ter tomado conhecimento da operação
deflagrada no bairro Uberaba. Intervenção essa que foi bem recebida pela
população, visto que 72,1% afirmaram aprovar totalmente a iniciativa e 20,1%
aprovaram em partes. Números que se justificam ao observar aquele que é
apontado pelos curitibanos como o problema que precisa de mais atenção da
administração pública: a segurança, citada por 27,5% deles.
“Os números mostram que o curitibano está
bastante preocupado com a segurança e também com as drogas, que estão
diretamente relacionadas ao aumento da criminalidade”, avalia o diretor do
Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. As drogas são apontadas por 20% dos
entrevistados como o terceiro maior problema, ficando atrás apenas da saúde. Em
outro questionamento levantado pelo instituto, 48,3% disseram considerar
Curitiba uma cidade tão ou até mais violenta que o Rio de Janeiro.
Desconhecimento
Ao mesmo tempo que manifestam sua aprovação à
ocupação do Uberaba, os moradores de Curitiba ainda não se mostram
familiarizados com o Paraná Seguro, principal bandeira do governo na área de
segurança. Mais da metade dos entrevistados (53,9%) disse nunca ter ouvido
falar no programa. “Para aquele que é considerado o principal programa de
segurança pública do estado, ainda falta uma melhor divulgação”, aponta
Hidalgo. Sobre as ações tidas como mais importantes para esse programa, a
contratação de policiais aparece em primeiro lugar (33,6%), seguida pela
construção de módulos (31,2%), desativados nas duas últimas gestões estaduais.
A pesquisa revelou ainda que a população
desconhece o policiamento comunitário, um dos fundamentos das UPSs e através do
qual pretende-se estreitar o laço entre polícia e moradores. Disseram não ter
ouvido falar em policiamento comunitário 50,2% dos entrevistados. Entre os
que conhecem o termo, apenas 15,6% disseram terem sido abordados por uma
operação dessa natureza.
Guarda Municipal tem avaliação melhor que policiais
O Instituto Paraná Pesquisas questionou os
curitibanos sobre a avaliação que fazem da atuação dos organismos de segurança
pública na cidade. Os números da pesquisa revelam que a Guarda Municipal é mais
bem vista pela população do que as polícias Militar e Civil. Para 43,4% dos
entrevistados, a atuação da guarda é tida como ótima ou boa, enquanto para as
corporações policiais esses índices ficam próximos: 27,5% para a Militar e
27,8% para a Civil.
PM no vermelho
No caso da PM, o porcentual daqueles que
avaliam negativamente sua atuação supera a avaliação positiva: 29,7% consideram
seu desempenho ruim ou péssimo. Em relação à Civil, o índice é o mesmo de
ótimo/bom, 27,8%. Já em relação à Guarda Municipal, apenas 19,2% classificaram
sua atuação como ruim ou péssima.
O diretor da Paraná Pesquisas, Murilo
Hidalgo, compara esses números com outro item da pesquisa. Para 38,3% dos
entrevistados, a situação da segurança pública em Curitiba é ruim ou péssima.
“O fato de esse porcentual ser maior do que a avaliação negativa das polícias
demonstra que as pessoas entendem que não se trata de um problema relativo à
polícia, mas de toda uma estrutura de segurança”, observa.
Por Anderson Gonçalves | Gazeta do Povo
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