Pouca utilização das revelações no passado fez com que número de
jogadores diminuísse

Foto Divulgação
Mais do que os 25 quilômetros que separam o Ninho da Gralha, em Quatro Barras,
da Vila Capanema, a distância estrutural imposta entre os times juvenis e o
elenco do Paraná tem sido encarada como o primeiro ajuste de rota que a
diretoria tricolor terá de fazer nesta retomada da gestão das categorias de
base do clube. Mesmo com a provável redução de custos no complexo esportivo
que deverá enxugar ainda mais o número de atletas alojados a prioridade dos dirigentes será desatar o
nó que impede a aproximação das duas pontas do ciclo paranista.
O baixo aproveitamento dos jovens no time principal durante o
período da parceria acabou se refletindo no esvaziamento do centro de
treinamento. Em quatro anos, o clube perdeu cerca de cem garotos considerados
como “jovens com potencial”. As revelações foram dispensadas por falta de
recursos ou saíram, influenciados por empresários, em busca de melhores
oportunidades.
Nomes como o goleiro Rodolfo, hoje no Atlético, e os meias Élvis,
que possui contrato com o Benfica, de Portugal, e Vinícius, que está vinculado
ao Coritiba, passaram pelo Ninho da Gralha sem deixar nenhum fruto para o
clube.
Segundo os treinadores das categorias de base, cerca de 20% dos
meninos que treinam no Paraná teriam condições de jogar no time profissional e,
no futuro, poderiam gerar lucros. No entanto, poucos tiveram chances. “Mesmo
com qualidade técnica igual, os dirigentes e os treinadores não davam
preferência para jogadores da base. Sempre falei: ‘Ruim por ruim leva os
nossos’”, criticou Renê Bernardi, sócio da empresa Base, que
administrava o complexo em parceria com o Tricolor – o acordo foi
desfeito recentemente.
A falta de uma política de aposta nos garotos trouxe como
consequência o jejum de títulos. Mesmo sem levantar um troféu desde 2006, os
mandatários da Base decidiram diminuir a participação das equipes infantil e
juvenil nos grandes campeonatos. Como justificativa, o medo de perder promessas
para os empresários. “Se o menino se destacar, tem 200 empresários querendo
levar embora e o clube fica na mão. Decidi não jogar ou ir com o pior time possível”,
revelou Bernardi.
Em 2012, com a chegada de Ricardinho, o cenário está mudando.
No atual elenco profissional, dos 27 jogadores, 8 vieram do Ninho da Gralha.
Por Cícero Bittencourt
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