Criado para ser um símbolo de luxo e
inovação, prédio giratório do Ecoville nunca foi habitado. Pichação reforça a
imagem de abandono

Fachada do Suite
Vollard: depois da pichação, segurança 24 horas
Em oito anos, o edifício Suite Vollard, no Mossunguê, passou de símbolo
da inovação a ícone do abandono. Concebido para ser o primeiro prédio giratório
do mundo com andares que se move independentemente, ele foi lançado em novembro
de 2004, mas nunca chegou a ser habitado. No mercado imobiliário, a opinião é
unânime: o preço alto impediu a venda das unidades. Vazio, ele se tornou um
troféu para os vândalos que marcaram sua fachada esta semana – e assumiram a
proeza nas redes sociais.
O empreendimento foi criado pela extinta Construtora Moro. Naquela
época, os apartamentos (todos com área privativa de 164 metros quadrados)
podiam custar até R$ 800 mil, em valores não corrigidos. O valor do metro
quadrado equivalia ao dobro da média dos empreendimentos de alto padrão na
capital paranaense. O projeto não decolou, apesar dos esforços dos seus
idealizadores para difundir a tecnologia, inclusive no mercado internacional. O
Suite Vollard – nome de uma coleção de gravuras do pintor espanhol Pablo
Picasso – foi notícia em publicações especializadas em arquitetura do mundo
inteiro.
Em meados de 2008, a Spin Buildings, empresa da família Moro
criada para administrar o empreendimento, foi em busca de novos parceiros e
prometeu relançar o Suíte Vollard, depois de investir um montante de R$ 13
milhões em reformas internas e externas para adaptar a construção aos padrões
do mercado.
Apesar da promessa, o relançamento nunca ocorreu. Enquanto isso,
um outro tipo de público aproximou-se do local, tirando proveito da localização
– uma rua de pouco movimento, sem saída. Vizinha do prédio, Odila Kramen afirma
que a região do prédio é usada frequentemente como ponto de compra e venda de
drogas. “É impressionante como os vândalos conseguem fazer isso no prédio
inteiro de uma hora para outra. Até semana passada, somente o último andar do
prédio estava pichado”, conta.
Ontem, funcionários de uma empresa de segurança estavam fazendo
vistoria para conferir avarias. Um deles, que não quis se identificar, afirmou
que a atual administradora solicitou vigilância de todo o edifício 24 horas por
dia. Até então, não havia qualquer porteiro ou vigilante.
O abandono veio depois de uma sucessão de problemas. O Suíte
Vollard esteve para ir a leilão duas vezes, em março e novembro de 2010. Para o
leilão, os apartamentos foram avaliados por R$ 2,376 milhões. O valor total de
avaliação para o edifício ficou em R$ 26,136 milhões – o que faz do
empreendimento, provavelmente, o mocó mais caro do planeta.
Por Cíntia Junges

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