O grupo de telecomunicações Oi divulgou nesta semana suas
aguardadas metas até 2015, mas a empresa ainda precisa convencer analistas e
investidores de que será capaz de entregar os resultados prometidos.
O desempenho operacional
tem sido visto por analistas como um dos principais desafios da Oi, após a
empresa ter amargado uma deterioração nos resultados de 2011, em um ano marcado
pela forte concorrência em segmentos-chave (telefonias móvel e fixa) e pelo
processo de reorganização societária da empresa.
"É um ambiente
competitivo, com empresas buscando market share, e vemos como desafiador para a
empresa. O cenário não é fácil", afirmaram à Reuters as analistas Flavia
Bedran e Luísa Vilhena, da agência de classificação de risco Standard &
Poor's.
A S&P atribui rating
"BBB-" para a Oi, com perspectiva estável.
"A divulgação do
'guidance' não foi um evento que nos levou a mudar o rating", disse Luísa,
acrescentando que seriam exigidas mudanças mais fortes para alterar a nota de
crédito da companhia.
Na terça-feira, a Oi
divulgou que até 2015 prevê investir 24 bilhões de reais, crescer seu lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em 45 por cento e
atingir receita líquida próxima de 40 bilhões de reais.
"O 'guidance' de
crescimento parece muito otimista", escreveram em relatório os analistas
Andre Baggio e Marcelo Santos, do JPMorgan.
"Em nossa visão, a Oi
está enfrentando um declínio estrutural em seu negócio fixo, semelhante ao que
aconteceu em outras partes do mundo, o que soma-se, no Brasil, à aceleração da
queda nos preços no segmento móvel", acrescentaram.
O banco manteve sua
recomendação "underweight" -quando é esperado desempenho abaixo da
média do mercado- para as ações da Oi.
Outros cinco relatórios de
bancos e corretoras obtidos pela Reuters, preparados após o encontro da
diretoria da Oi com analistas e investidores, expressam cautela com as
estimativas da própria companhia. Nenhum analista alterou sua recomendação para
a ação preferencial da empresa.
Frente a concorrentes de
capital aberto que têm apresentado resultados mais fortes nos últimos
trimestres -Telefônica Brasil e TIM Participações-, a Oi ainda precisa provar
que realmente caminha em direção ao sucesso de seu plano.
A companhia reconhece o
desafio: "Primeiro precisamos entregar o que estamos prometendo... Acho
que os próximos dois trimestres serão muito importantes", disse o diretor
financeiro da Oi, Alex Zornig.
Apesar do pé atrás, há
disposição para um voto de confiança à equipe de administração da Oi.
"Saímos da reunião
com a impressão de que a Oi pode ter algum espaço de manobra do lado de
custo/fluxo de caixa, pois pode aumentar a eficiência fiscal, reverter algumas
provisões e maximizar o uso de perdas fiscais, além da possível alienação de
ativos", disseram em relatório Valder Nogueira e Bruno Mendonça, do
Santander.
A ação ordinária da Oi
chegou a subir quase 8 por cento na terça-feira, após a divulgação do fato
relevante com o plano da empresa até 2015, que inclui ainda remuneração de 8
bilhões de reais aos acionistas nos próximos anos. Mas o papel perdeu força e
terminou aquela sessão com ganho de 1,4 por cento.
A preferencial, enquanto
isso, terminou a terça com valorização de 1,70 por cento, depois de ter
avançado 7,3 por cento na máxima do pregão.
ATIVO ESTELAR?
Zornig, da Oi, ressaltou a
jornalistas após encontro com analistas que a empresa tem interesse em ser uma
"estrela" na bolsa paulista e que seus novos papéis já têm duas
recomendações de compra, algo que a empresa continuará buscando.
Santander, Itaú BBA e
Fator reafirmaram a recomendação de manutenção para as ações da Oi.
"Acreditamos que a Oi
é uma história a ser monitorada, e que, dependendo do progresso de seus futuros
resultados trimestrais, pode tornar-se um nome interessante baseado na
expectativa de melhores resultados em 2013", disse a analista Susana Salaru,
do Itaú BBA.
No ano até o fechamento de
18 de abril, a ação ordinária da Oi acumula perda de 6,4 por cento e a
preferencial de quase 15 por cento. Já a ação da TIM exibe ganho de 24 por
cento no período, enquanto a da Telefônica Brasil tem alta de cerca de 10 por
cento.
Por Sérgio Spagnuolo
(Reportagem adicional de
Roberta Vilas Boas e Bruno Federowski)
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