Quem não conhece o famoso Anderson Silva -segundo a
Wikipedia, paulistano, nascido em 1975, atual campeão mundial peso médio (até
84 quilos) do Ultimate Fighting Championship- vai continuar sabendo pouco sobre
ele depois do documentário "Anderson Silva - Como Água", do
norte-americano criado na Venezuela Pablo Croce. O longa chega às salas de todo
o país nesta sexta-feira.
Anderson Silva chega para apresentar o filme
(Foto: Flávio Seixlack/G1)
(Foto: Flávio Seixlack/G1)
No filme, o documentarista
faz uma opção de abordagem bastante clara: acompanha o treinamento do
esportista nos Estados Unidos nos meses que antecedem a mais importante luta de
sua carreira -em defesa do cinturão, contra o norte-americano Chael Sonners, em
agosto de 2010.
Acompanha-se o preparo
físico de Silva, que o faz pela primeira vez fora do Brasil e longe de sua
família, e as provocações do adversário, que faz comentários mesquinhos sobre o
brasileiro, seu país e até sua camisa cor-de-rosa.
Mas quem é Anderson Silva?
Quem é o homem quando não está exercendo a função de lutador de herói nacional?
Bem, a resposta não está em "Como Água", que, apesar de correto,
desperdiça o potencial carismático de seu protagonista.
Ninguém pede uma
cinebiografia extensiva, que comece com o nascimento, depois infância,
adolescência, dificuldades na vida e triunfo. Mas um pouco mais de informações
sobre o lutador não fariam mal algum.
Sabe-se que ele é casado
-o filme mostra-o com a mulher, e ele mesmo comenta que ela é quem escolhe sua
camisa rosa- e que tem filhos. Vemos a família numa cena, sentada em frente à
televisão na casa chique onde moram.
Mas como Anderson chegou
até lá? Qual o motivo de apenas se concentrar na preparação para o embate que,
aliás, na forma como está montado o filme tem pouca tensão e emoção? Mesmo que
a luta tivesse sido assim quando aconteceu, o que é pouco provável, seria
possível valorizá-la bem mais na montagem do filme.
O Anderson Silva mostrado
por Croce não tem o mesmo carisma e bom humor que o verdadeiro lutador, como é
possível constatar em entrevistas, por exemplo. Na vida real, ele é sagaz,
engraçado, tem tiradas inteligentes e rápidas.
Em "Como Água"
não há nada disso. O que se vê na tela é um lutador sério, de poucas palavras,
que parece estar sempre de mau humor.
O filme sequer dá chance a
ele de responder às provocações de Sonners, ou mesmo de seu próprio empresário,
também norte-americano, que diz concordar com o que o seu conterrâneo disse
sobre o Brasil: "Se você abaixar a cabeça para fazer uma reverência no
Brasil, leva um tapa e roubam sua carteira".
O que sobra é o que
podemos depreender do filme. A história de Anderson é cheia de lutas -em mais
de um sentido. Mas para se saber quais são elas, é preciso recorrer a outros
meios. Ele é um herói nacional, disso não há dúvidas, mas o que faz dele esse
herói? O que pensa ele?
Em quesitos como esse,
"Como Água" não entra. No fundo, o documentário é um filme para quem
quer ver apenas pancadaria num ringue. O que talvez não faça justiça ao atleta,
que, na soma das partes, é bem maior do que aquele que está batendo e
apanhando.
Por Alysson Oliveira, do
Cineweb
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