O líder do PR no Senado,
Blairo Maggi (MT), anunciou que o partido fará oposição ao
governo da presidente Dilma Rousseff na Casa.
"Nós estamos nesse momento na oposição. Não significa
oposição raivosa", disse Maggi a jornalistas no Congresso. "Já
informei à ministra Ideli (Salvatti, Relações Institucionais) que o governo não
conte mais com o PR", acrescentou.
A medida, porém, não se estende à bancada da Câmara, que deve
se reunir na próxima semana para definir sua relação com o governo.
"Essa não é uma decisão do partido. É uma decisão do
Senado", disse à Reuters o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG).
Apesar de ser uma atitude isolada por enquanto, elevam-se os
riscos para o governo no Congresso por dois motivos principalmente. Um deles é
que outras legendas aliadas descontentes podem seguir o exemplo do PR para
pressionar a presidente.
Outro motivo é que o PR tem sete senadores e sua migração
para a oposição pode, por exemplo, permitir a abertura de Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPIs) na Casa. Hoje, os partidos de oposição não
reúnem as 27 assinaturas necessárias para a criação de CPIs.
Maggi garantiu, no entanto, que o partido irá se opor ao
governo de maneira "responsável", e que não deve votar contra o
projeto que regulamenta a previdência complementar a servidores públicos, o
chamado Funpresp, tido como prioritário pelo Planalto.
A decisão de ir para a oposição foi tomada porque o PR não
teve sua demanda -a de ter um nome que represente o partido no Ministério dos
Transportes- atendida pelo governo.
"O PR quer voltar ao Ministério dos Transportes e não
tem essa possibilidade", afirmou o líder. "Nós não vamos negociar com
o governo para a volta do PR, uma vez que as portas estão fechadas."
A situação do PR dentro da base aliada já estava complicada
desde o ano passado, após a demissão do então ministro dos Transportes Alfredo
Nascimento, que preside a legenda, e da saída de vários indicados da sigla de
cargos ligados à pasta.
À época, parlamentares da legenda chegaram a ameaçar deixar a
base governista e depois anunciaram que atuariam de forma independente no Congresso.
A decisão anunciada por Maggi nesta quarta foi tomada após
uma reunião com Ideli em que, segundo uma fonte do governo, o partido foi
informado que não ocuparia no curto prazo um cargo no ministério.
O PR pleiteava voltar ao comando do Ministério dos
Transportes, apesar de o atual ministro, Paulo Sérgio Passos, ser filiado à
legenda. Apesar disso, ele é considerado pelos parlamentares uma escolha
unilateral da presidente, sem consulta ao comando partidário.
A presidente prefere acomodar o PR em outros espaços no
governo, mas não no primeiro escalão, disse a fonte do governo sob condição de
anonimato.
A tensão no Senado também pode ter sido agravada após a
escolha de senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para liderar o governo na Casa.
Nascimento também é senador pelo Amazonas e adversário político de Braga no
Estado.
Maggi negou, no entanto, que a indicação tenha contribuído
para a decisão.
Por Maria
Carolina Marcello e Jeferson Ribeiro
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